EduSer

Formação inicial para a docência: avanços e recuos? Nota introdutória

Elisabete Mendes Silva — 2025-07-09

No cenário em constante evolução da educação, a relevância da formação inicial para educadores e professores é fundamental e não pode ser subestimada. Ela é essencial para construir as bases do futuro da educação e do ensino, influenciando diretamente as competências, perspetivas e metodologias dos futuros profissionais da educação. No entanto, os avanços e recuos nas orientações oficiais e nos programas disponibilizados pelas instituições de ensino superior formadoras têm “tecido” uma teia matizada de equívocos, desafios e oportunidades, exigindo uma análise crítica do seu estado atual.

No centro deste discurso reside a questão da preparação ou capacitação de futuros docentes. Quão bem preparados estão os educadores e professores para enfrentar as salas de atividades ou de aula contemporâneas influenciadas pelos complexos contextos socioculturais e pelas diferentes necessidades de crianças/alunos? Como é que os educadores e professores estão a lidar com a necessidade de reestruturação das salas de aula devido aos avanços tecnológicos contínuos, e a necessidade de repensar a ação pedagógica? Qual a qualidade dos enquadramentos e os programas de formação inicial para a docência no sentido de equipar os futuros educadores e professores com as ferramentas, métodos e estratégias mais adequados?

A natureza da ciência como elemento da alfabetização científica na proposta curricular de um curso de licenciatura em química de uma instituição de ensino superior brasileira

Danielle Pereira de Almeida — 2025-07-09

Pesquisas na área do ensino têm apontado o entendimento da Natureza da Ciência (NdC) como elemento fundamental para o processo de alfabetização científica (AC) dos indivíduos. Desse modo, essa temática precisa estar presente em todos os níveis educativos, o que inclui a formação inicial de professores. Considerando isso, esse estudo teve como objetivo principal compreender como a AC, no tocante à NdC, tem sido contemplada no Projeto Pedagógico do Curso (PPC) da Licenciatura em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), localizado no Brasil. A pesquisa foi delineada a partir de uma análise documental, apresenta abordagem qualitativa e como técnica de análise dos dados adotou-se a análise de conteúdo. Os resultados apontaram a presença de elementos que viabilizam discussões sobre a AC, porém, com lacunas direcionadas a NdC, como a escassez de discussões sobre essa natureza nas disciplinas de caráter específico e a ausência de bibliografias importantes no contexto da temática. Tais resultados conduzem à reflexão da necessidade de repensar os currículos de formação inicial docente de maneira a conduzir a discussões efetivas sobre a AC e a NdC, bem como ofertar subsídios para tal.

Avanços, recuos e esgarçamentos da formação inicial e continuada para a docência: Entrelaçando o estágio supervisionado, estágio docência e estágio pós doutoral

Juliana Cristina Salvadori — 2025-07-09

Este estudo tem como objetivo refletir sobre a (trans)(form)ação entrelaçada com a formação docente das autoras-participantes, ocorrida durante a disciplina de Estágio Supervisionado em uma Universidade Pública Federal. A pesquisa visa revelar alguns dos avanços, retrocessos e possibilidades de romper com as (de)formações docentes, adotando uma perspectiva crítica inspirada em abordagens decoloniais. Para a coleta de dados, utilizamos a autoetnografia compartilhada e dialogada como método, escolhendo o diário de bordo coletivo como dispositivo de pesquisa, a fim de ressaltar a colaboração contínua e a co-formação das professoras e autoras deste artigo. A pesquisa é fundamentada em uma abordagem crítica da atuação e formação docente centrada na reflexão em coletivo como fundamento da ação educativa transformadora. Os resultados evidenciam a importância de transformar os currículos dos cursos de formação de professores por meio de ações colaborativas entre profissionais em formação e em atuação, além de indicar que a participação ativa em comunidades de práticas contribui significativamente para a formação contínua e para a reconfiguração de práticas educativas que sejam críticas e comprometidas com a equidade, diversidade e inclusão na educação.

Programa de residência pedagógica no Brasil: contribuições da experiência com a formação docente para a educação de jovens e adultos

Carlos Soares Barbosa — 2025-07-09

O objetivo deste texto é analisar as contribuições do Programa de Residência Pedagógica, criado em 2018 pelo Ministério da Educação do Brasil, na formação de futuros professores e professoras para atuar na Educação de Jovens e Adultos. As reflexões aqui tecidas são resultantes da pesquisa documental, de abordagem qualitativa, que em termos procedimentais recorreu à análise dos relatórios produzidos por 15 bolsistas do Programa de Residência Pedagógica do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A organização e o tratamento dos dados foram realizados com base na técnica da análise do conteúdo. No tratamento das respostas foram definidas as seguintes categorias de análise: sujeitos da Educação de Jovens e Adultos; relação professor e estudante; práticas pedagógicas; relação teoria e prática; contribuições para a formação docente. Os resultados mostram que a imersão no cotidiano escolar oportunizada pelo Programa de Residência Pedagógica provoca a reflexão sobre o processo de formação docente e as especificidades da docência na Educação de Jovens e Adultos, que não se restringem “ao saber fazer”, abarcando a concepção de Educação de Jovens e Adultos e sua importância social e política. Os resultados ressaltam a relevância de uma formação docente fundamentada na articulação teoria e prática, além da integração entre universidade e escola, pesquisa e docência.

Formação inicial para a docência na educação infantil em documentos oficiais brasileiros: conquistas e desafios

Maria Nilceia de Andrade Vieira — 2025-07-09

Com atenção à docência na Educação Infantil (EI), este artigo focaliza avanços, recuos e perspectivas presentes em normativas para a formação inicial de professores, integradas ao desenvolvimento de políticas públicas educacionais brasileiras. Ancorado em referenciais teórico-metodológicos de Mikhail Bakhtin, o estudo, de abordagem qualitativa e de cunho bibliográfico-documental, analisa documentos da legislação educacional brasileira no período de 2014 a 2024, com destaque para as Resoluções 02/2015, 02/2019 e 04/2024, referentes à formação inicial de professores. Nesse escopo, desenvolve interlocução com metas e estratégias do Plano Nacional de Educação (PNE) vigente no país e com objetivos, metas e estratégias previstos no texto do novo PNE. No bojo da negociação das políticas públicas, observa movimentos de disputas no que se refere aos processos formativos docentes, também quando direcionados ao trabalho educativo com bebês e crianças pequenas. Desse modo, reconhece tensões que circunscrevem a formação inicial docente, em sua vinculação à primeira etapa da educação básica, como um campo de trabalho. As análises evidenciam avanços e recuos, indicando perspectivas que requerem a mobilização da sociedade civil em defesa da formação, de modo a afirmar o reconhecimento e a valorização do trabalho docente, em conexão com a construção coletiva das políticas públicas.

Valorização de professores no Brasil: uma análise da Resolução CNE/CP n.º 4/2024

Jéssica Luana Casagrande — 2025-07-09

Neste artigo, investiga-se a valorização docente no Brasil com foco na Resolução CNE/CP n.º 4/2024. O objetivo é analisar criticamente as mudanças propostas pela resolução, avaliando se representam avanços ou retrocessos na formação e valorização dos professores. Adota-se uma abordagem documental, analisando menções à valorização docente na Resolução por meio da análise de conteúdo. A análise é conduzida a partir de três categorias principais: 1) Formação Inicial; 2) Formação Continuada; 3) Condições de Trabalho, Carreira e Remuneração. Os resultados indicam que a Resolução CNE/CP n.º 4/2024 apresenta lacunas significativas, como a falta de um enfoque claro na formação continuada e na melhoria das condições de trabalho, carreira e remuneração dos professores. Conclui-se que a normativa atual pode não atender plenamente às necessidades de valorização e desenvolvimento profissional docente. Enfatiza-se a pertinência dos preceitos das diretrizes anteriores e de integrar novas abordagens que contemplem a participação democrática e promovam uma formação crítica e reflexiva, valorizando os profissionais da educação para que possam contribuir para uma educação justa e inclusiva.

[Re]construção de fazeres e saberes docentes: formação docente e práticas pedagógicas inclusivas no ensino superior

Andiara Dewes — 2025-07-09

Para este artigo definimos como objetivo reconhecer práticas pedagógicas de professores formadores a partir da presença de um estudante cego em um curso de graduação, licenciatura plena, compreendendo movimentos de [re]construção de fazeres e saberes docentes. Este artigo parte de uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso longitudinal intrínseco, realizado em uma universidade federal da região Sul do Brasil. Os dados são oriundos de narrativas semiestruturadas com um estudante cego, com professores formadores, com a coordenação do curso e com profissionais que atuam no setor de acessibilidade da instituição. Por meio das discussões apresentadas, reconhecemos que a presença de um estudante cego mobiliza professores formadores a atualizarem suas práticas pedagógicas, logo desencadeando movimentos de [re]construção de fazeres e saberes docentes. Logo, pensar a formação docente na atualidade implica em reconhecer que os professores formadores em sua maioria estão muitos deles pela primeira vez enfrentando as demandas da inclusão na educação superior. Isso fica evidente quando em um curso de licenciatura em educação especial em que os professores têm formação inicial e continuada na área, ainda está presente a demanda de produção e efetivação de novos fazeres inclusivos, os quais, consequentemente, resultarão na produção de novos saberes docentes abarcando as especificidades da inclusão. Assim, as práticas pedagógicas desenvolvidas e que foram compartilhadas nas narrativas de professores formadores nos subsidiam na compreensão de que há um movimento intenso de atualização da prática docente, logo de [re]construção de fazeres e saberes docentes que sustentem práticas pedagógicas inclusivas na universidade.

Formação inicial e a profissionalização docente: demandas da produção curricular

Cíntia Aparecida Oliveira de Medeiros — 2025-07-09

Esse artigo resulta de uma pesquisa de Mestrado que problematizou as significações de docência focalizadas na discursividade e em suas articulações enunciadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial de professores da educação básica, voltando o olhar especificamente para a Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019, que instituiu a BNC-Formação inicial. Do ponto de vista teórico-epistemológico, a pesquisa amparou-se numa análise bibliográfica e de pesquisa documental dos discursos desses textos normativos. Essa produção tem por objetivo abordar os discursos da profissionalização docente, levando em consideração os discursos hegemônicos que tentam fechar sentidos necessários, universais e definitivos de docência a ser formada, como via de alcance à qualidade da educação. Questiona-se ainda os desdobramentos das significações da docência tendo em vista a disputa de sentidos em sua condição de provisoriedade e precariedade, como forma de pensar e interpretar a política como um ambiente de luta pela significação. Concluiu-se que a produção curricular tem produzido uma hegemonia que tem sido evidenciada através de documentos curriculares em Competências Profissionais Docentes, nomeadas discursivamente em Conhecimento, Prática e Engajamento profissional. De forma evidenciada, os discursos dos textos normativos e curriculares sustentam e promovem uma tentativa de padronização da docência com padrões de comportamentos desejados a serem desenvolvidos na docência como tentativas de regular e controlar as várias possibilidades de ser dos professores.

Mapa Conceitual Dirigido como estratégia didática na formação inicial de professores

Giovanna Martin-Franchi — 2025-07-09

O artigo aborda a conceituação do termo Mapa Conceitual Dirigido (MCD), partindo das premissas constituintes do conceito de Mapa Conceitual (MC). O objetivo consistiu em discutir a relevância do MCD como elemento no processo de ensino e aprendizagem na formação inicial de professores em cursos de licenciatura, evidenciando suas vantagens tanto para os estudantes quanto para o desenvolvimento da prática pedagógica de professores formadores nesse nível de ensino. A pesquisa partiu da premissa de que, assim como o MC, o MCD pode ser uma estratégia didática que promova a organização do conhecimento, fomente a reflexão crítica e estimule a colaboração entre estudantes e professores. A metodologia adotada foi a análise qualitativa de artigos científicos da área das Ciências Humanas, com análise de dados baseada na análise de conteúdo. Para desenvolver o conceito de MCD e sua relação no contexto de ensino e aprendizagem, os artigos analisados abordaram o MC no âmbito educacional. Os resultados demonstram que o planejamento e a elaboração sistemática de MCDs podem influenciar na formação dos futuros professores, ao oferecerem uma visão estruturada dos conteúdos, ao mesmo tempo em que possibilitam ao professor formador criar oportunidades para o desenvolvimento de práticas Didáticas interativas. Além disso, o MCD pode promover a aprendizagem crítica e reflexiva no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes, além de propiciar aos professores formadores a articulação de diferentes métodos e tecnologias nesse processo.