Perfil de agressores(as) sexuais infantis e seus contextos: uma revisão de escopo

Conteúdo do artigo principal

Fabiane Olivia Ardenghi
Mário Antonio Sanches

Resumo

A infância é um período vulnerável, protegido por legislações internacionais, como a Declaração dos Direitos da Criança (ONU, 1959), que afirma a necessidade de proteção contra negligência e exploração. O conceito de infância, entretanto, varia entre culturas, influenciando as experiências das crianças. Esta revisão de escopo tem como objetivo mapear o perfil de agressores sexuais infantis em diferentes contextos sociais e culturais. A metodologia seguiu as diretrizes do Joanna Briggs Institute (JBI), revisando 25 estudos de 13 países, utilizando 4 bases de dados: MEDLINE, APA PsycINFO, LILACS e Web of Science. Os resultados foram coletados e analisados em 3 grandes categorias: (1) Características pessoais do agressor; (2) O ato do abuso; (3) Contextos do agressor. Neste artigo analisaremos somente a categoria relacionada ao Contexto do agressor: Contextos e antecedentes familiares; Contextos educacionais e socioeconômicos; Contextos culturais e Contextos religiosos. Os resultados apontam que muitos agressores compartilham históricos de abuso e negligência na infância, associados a ambientes familiares disfuncionais. No aspecto educacional, a maioria dos agressores apresenta baixa escolaridade, embora haja exceções, como aqueles em posições de autoridade. Os elementos culturais, especialmente os tabus sexuais e estereótipos de gênero, desempenham um papel significativo na perpetuação do abuso, assim como distorções religiosas. As conclusões demonstram que a prevenção do abuso infantil deve considerar múltiplos fatores, desde a educação até o suporte familiar, passando pela cultura e religião. Reforça-se que uma abordagem abrangente e interdisciplinar é fundamental para o enfrentamento da violência sexual infantil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Detalhes do artigo

Como Citar
Ardenghi, F. O., & Sanches, M. A. (2025). Perfil de agressores(as) sexuais infantis e seus contextos: uma revisão de escopo. EduSer, 17(2). https://doi.org/10.34620/eduser.v17i2.332
Secção
Artigos

Referências

Abulafia, J., & Epstein, R. (2020). Impersonal and Predatory Relations With Child Victims of Sexual Assault: Pedophilic Interest and Early Childhood Abuse. International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 64(16), 1741–1756. https://doi.org/10.1177/0306624X20928018

Aebi, M., Landolt, M. A., Mueller-Pfeiffer, C., Schnyder, U., Maier, T., & Mohler-Kuo, M. (2015). Testing the “Sexually Abused-Abuser Hypothesis” in Adolescents: A Population-Based Study. Archives of Sexual Behavior, 44(8), 2189–2199. https://doi.org/10.1007/s10508-014-0440-x

Anderson, J. (2015). Comprehending and Rehabilitating Roman Catholic Clergy Offenders of Child Sexual Abuse. Journal of Child Sexual Abuse, 24(7), 772–795. https://doi.org/10.1080/10538712.2015.1077367

Arbanas, G., Marinovic, P., & Buzina, N. (2022). Psychiatric and Forensic Characteristics of Sex Offenders With Child and With Adult Victims. International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 66(12), 1195–1212. https://doi.org/10.1177/0306624X20944673

Becerra García, J. A. (2009). Etiología de la pedofilia desde el neurodesarrollo: Marcadores y alteraciones cerebrales. Revista de Psiquiatría y Salud Mental, 2(4), 190–196. https://doi.org/10.1016/S1888-9891(09)73237-9

Brandão, V. B. G., Martins, A. M. A., & dos Reis Marques, J. N. (2019). Violência sexual infanto juvenil: uma análise sobre o agressor. Humanidades (Montes Claros), 8(2).

Bronfenbrenner, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: Experimentos naturais e planejados. Artes Médicas.

Bronfenbrenner, U., & Morris, P. A. (1998). The ecology of developmental processes. Em W. Damon & R. M. Lerner, Handbook of child psychology: Theoretical models of human development (5o ed, Vol. 1, p. 993–1028). John Wiley & Sons Inc.

Cantor, J. M., Blanchard, R., Christensen, B. K., Dickey, R., Klassen, P. E., Beckstead, A. L., Blak, T., & Kuban, M. E. (2004). Intelligence, memory, and handedness in pedophilia. Neuropsychology, 18(1), 3–14. https://doi.org/10.1037/0894-4105.18.1.3

Cerqueira, D., & Bueno, S. (2024). Atlas da Violência 2024. FBSP. https://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/14031

Comartin, E. B., Burgess-Proctor, A., Kubiak, S., Bender, K. A., & Kernsmith, P. (2021). Comparing Women’s and Men’s Sexual Offending Using a Statewide Incarcerated Sample: A Two-Study Design. Journal of Interpersonal Violence, 36(7–8), 3093–3116. https://doi.org/10.1177/0886260518772110

Costa, L. P., Rocha, C. J. B., & Cavalcante, L. I. C. (2018). Características biopsicossociais entre acusados de agressão sexual contra crianças/adolescentes em contextos intra e extrafamiliar. Temas em Psicologia, 26(1), 283–295. https://doi.org/10.9788/TP2018.1-11Pt

Custódio, A. V., & de Lima, R. P. (2023). O contexto da violência sexual contra crianças e adolescentes. Revista Direitos Sociais e Políticas Públicas (UNIFAFIBE), 11(2), 48-72.

DeCou, C. R., Cole, T. T., Rowland, S. E., Kaplan, S. P., & Lynch, S. M. (2015). An Ecological Process Model of Female Sex Offending: The Role of Victimization, Psychological Distress, and Life Stressors. Sexual Abuse, 27(3), 302–323. https://doi.org/10.1177/1079063214556359

Dillien, T., Goethals, K., Sabbe, B., & Brazil, I. A. (2020). Impairment of Both Reward and Punishment Learning in Males Who Have Sexually Offended Against a Child. Sexual Abuse, 32(8), 931–957. https://doi.org/10.1177/1079063219871579

Falkenbach, D. M., Foehse, A., Jeglic, E., Calkins, C., & Raymaekers, L. (2019). Sexual Abuse Within Employment Settings: A Comparison of Work-Related, Intra- and Extra-Familial Child Molesters. Sexual Abuse, 31(5), 524–542. https://doi.org/10.1177/1079063217708202

Ferraz, M. D. M. P., Cavalcante, L. I. C., & Veloso, M. M. X. (2023). Adverse Childhood Experiences: A study addressing the Perpetrators of sexual violence. Psicologia - Teoria e Prática, 25(3). https://doi.org/10.5935/1980-6906/ePTPSP15116.en

Filla Rosaneli, C., Alves Da Rocha, R. C., & Sanches, M. A. (2022). A cultura da violência sexual na infância: Vulnerabilidades programática e moral. Revista Inclusiones, 9(3), 78–100. https://doi.org/10.58210/fprc3368

Finkelhor, D. (2019). Child sexual abuse: Challenges facing child protection and mental health professionals. In Childhood and trauma (pp. 101-116). Routledge.

Gallagher, B. (2000). The extent and nature of known cases of institutional child sexual abuse. The British Journal of Social Work, 30(6), 795–817. https://doi.org/10.1093/bjsw/30.6.795

Gerwinn, H., Weiß, S., Tenbergen, G., Amelung, T., Födisch, C., Pohl, A., Massau, C., Kneer, J., Mohnke, S., Kärgel, C., Wittfoth, M., Jung, S., Drumkova, K., Schiltz, K., Walter, M., Beier, K. M., Walter, H., Ponseti, J., Schiffer, B., & Kruger,

T. H. C. (2018). Clinical characteristics associated with paedophilia and child sex offending – Differentiating sexual preference from offence status. European Psychiatry, 51, 74–85. https://doi.org/10.1016/j.eurpsy.2018.02.002

Habigzang, L. F., Koller, S. H., Azevedo, G. A., & Machado, P. X. (2005). Abuso sexual infantil e dinâmica familiar: Aspectos observados em processos jurídicos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 21, 341–348. https://doi.org/10.1590/S0102-37722005000300011

Hadi, G., Linkowski, P., & Leistedt, S. (2016). L’enfance chez les auteurs de crimes sexuels ; une étude rétrospective. Rev Med Brux, 37(3), 135–144.

Hamo, G., & Idisis, Y. (2017). Pedophiles in the Ultra-Orthodox Haredi Sector in Israel: Thought Processes Regarding their Actions. Journal of Child Sexual Abuse, 26(4), 407–427. https://doi.org/10.1080/10538712.2017.1285841

Hershkowitz, I. (2014). Sexually Intrusive Behavior Among Alleged CSA Male Victims: A Prospective Study. Sexual Abuse, 26(3), 291–305. https://doi.org/10.1177/1079063213486937

Hu, M., Liang, B., & Huang, S. (2017). Sex Offenses Against Minors in China: An Empirical Comparison. International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 61(10), 1099–1124. https://doi.org/10.1177/0306624X15616220

Levenson, J. S., Willis, G. M., & Prescott, D. S. (2015). Adverse Childhood Experiences in the Lives of Female Sex Offenders. Sexual Abuse, 27(3), 258–283. https://doi.org/10.1177/1079063214544332

Levenson, J. S., Willis, G. M., & Prescott, D. S. (2016). Adverse Childhood Experiences in the Lives of Male Sex Offenders: Implications for Trauma-Informed Care. Sexual Abuse, 28(4), 340–359. https://doi.org/10.1177/1079063214535819

Libório, R. M. C., & Castro, B. D. (2010). Abuso, exploração sexual e pedofilia: as intrincadas relações entre os conceitos e o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. Criança e Adolescente. Direitos, Sexualidades e Reprodução, 19.

Minayo, M. C. de S. (2006). Violência e saúde. Editora Fiocruz. https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/37579

Naidoo, L., & Van Hout, M. C. (2021). Child Sex Offender Mind-Set and Grooming Strategies: A Discourse Analysis of Sex Offender Narratives from South Africa. Journal of Child Sexual Abuse, 30(5), 616–635. https://doi.org/10.1080/10538712.2021.1890296

ONU. (1959). Declaração dos Direitos da Criança. https://www.unicef.org/brazil/media/22026/file/declaracao-dos-direitos-da-crianca-1959.pdf

ONU. (2018). Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. AmbientalMENTEsustentable, 25(1), 171–190. https://doi.org/10.17979/ams.2018.25.1.4655

Rodrigues, C. A. B., & Schramm, F. R. (2022). Bioética de proteção: Fundamentos e perspectiva. Revista Bioética, 30, 355–365. https://doi.org/10.1590/1983-80422022302531PT

Rosa, M., Fox, B., & Jennings, W. G. (2020). Do Developmental and Life-Course Theory Risk Factors Equally Predict Age of Onset Among Juvenile Sexual and Nonsexual Offenders? Sexual Abuse, 32(1), 55–78. https://doi.org/10.1177/1079063218797714

Sarmento, M. J. (2004). As culturas da infância nas encruzilhadas da 2a modernidade. Em M. J. Sarmento & A. B. Cerisara (Orgs.), Crianças e miúdos. Perspectivas sociopedagógicas da infância e educação. (p. 9–34). Edições Asa. https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/79714

Schiffer, B., Peschel, T., Paul, T., Gizewski, E., Forsting, M., Leygraf, N., Schedlowski, M., & Krueger, T. H. C. (2007). Structural brain abnormalities in the frontostriatal system and cerebellum in pedophilia. Journal of Psychiatric Research, 41(9), 753–762. https://doi.org/10.1016/j.jpsychires.2006.06.003

Schramm, F. R. (2008). Bioética da Proteção: Ferramenta válida para enfrentar problemas morais na era da globalização. Revista Bioética, 16(1). https://revistabioetica.cfm.org.br/revista_bioetica/article/view/52

Sea, J., & Beauregard, E. (2018). The Hebephiliac: Pedophile or Teleiophiliac? International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 62(9), 2507–2526. https://doi.org/10.1177/0306624X17723627

Serafim, A., Saffi, F., Rigonatti, S., Casoy, I., & Barros, D. (2009). Perfil psicológico e comportamental de agressores sexuais de crianças. Revista De Psiquiatria Clinica, 36. https://doi.org/10.1590/S0101-60832009000300004

Seto, M. C., Babchishin, K. M., Pullman, L. E., & McPhail, I. V. (2015). The puzzle of intrafamilial child sexual abuse: A meta-analysis comparing intrafamilial and extrafamilial offenders with child victims. Clinical Psychology Review, 39, 42–57. https://doi.org/10.1016/j.cpr.2015.04.001

Sigre-Leirós, V., Carvalho, J., & Nobre, P. (2015). Cognitive schemas and sexual offending: Differences between rapists, pedophilic and nonpedophilic child molesters, and nonsexual offenders. Child Abuse & Neglect, 40, 81–92. https://doi.org/10.1016/j.chiabu.2014.10.003

Teixeira, J. N. de S., Resende, A. C., & Perissinotto, R. (2020). Vitimização e Psicopatia em Autores de Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. Avaliação Psicológica, 19(2), 123–131. https://doi.org/10.15689/ap.2020.1902.02

Tricco, A. C., Lillie, E., Zarin, W., O’Brien, K. K., Colquhoun, H., Levac, D., Moher, D., Peters, M. D. J., Horsley, T., Weeks, L., Hempel, S., Akl, E. A., Chang, C., McGowan, J., Stewart, L., Hartling, L., Aldcroft, A., Wilson, M. G., Garritty, C., … Straus, S. E. (2018). PRISMA Extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR): Checklist and Explanation. Annals of Internal Medicine, 169(7), 467–473. https://doi.org/10.7326/M18-0850

Widom, C. S., & Massey, C. (2015). A Prospective Examination of Whether Childhood Sexual Abuse Predicts Subsequent Sexual Offending. JAMA Pediatrics, 169(1), e143357. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2014.3357

Word Health Organization. (2020). Global Status Report on Preventing Violence Against Children 2020. https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/332394/9789240004191-eng.pdf?sequence=1